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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Tirando as teias

Eu disse que nunca mais escreveria, dei adeus e tudo. Sobre o rojão de dormir às duas da manhã  ao qual me referi anteriormente: fichinha! Semana passada dormi um dia sim e um dia não pra terminar meu projeto da 2ª unidade. Mas valeu a pena.

Só pra tirar as teias de aranha, aproveitando a brecha entre um trabalho e outro, coloco aqui trechos de uma resenha produzida pra a disciplina de História e Teoria de Arquitetura e Urbanismo 02. Só pra meus leitores fantasma refletirem um pouco. Até outra brecha!

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A subutilização do espaço público é um dos temas mais discutidos da atualidade. Contudo, essa questão não é exclusiva do tempo presente, uma vez que, no século XIX, urbanistas como Camillo Sitte já escreviam sobre o assunto. Em suas teorias, Sitte afirma que os espaços públicos não eram utilizados tão intensamente na sua época quanto foram na Antiguidade. Segundo o autor, as ações que anteriormente ocorriam ao ar livre – feiras, festividades, apresentações – passaram a se realizar em espaços fechados. As praças, de uso tão importante no passado, estavam relegadas a áreas de estacionamento de veículos.

Outro nome do urbanismo do século XIX que dá importância ao uso do espaço público é Ebenezer Howard, quando formula a idéia de cidade-jardim. Em sua teoria, o urbanista defende a aproximação entre cidade e campo, afirmando que os dois setores funcionam como ímã, através da complementaridade de funções. No desenho da cidade-jardim, Howard propõe um centro público, no qual haveria um belo jardim e onde se situariam os maiores prédios públicos. Propõe também o Palácio Cristal, espaço fechado cujo interior é ocupado por um parque público e pátios de recreação, de fácil acesso à população. Além disso, coloca em seu projeto uma avenida central, que funciona como um parque adicional.

A afirmação de Sitte pode ser observada claramente em diversos locais da cidade de Natal, onde não se vivencia o espaço público. A população natalense, em geral, tem relação de desapego com o espaço público. Entende-se o público não como aquilo que é de todos, mas como aquilo que não pertence a ninguém. Por isso as praças são degradadas, as árvores são podadas ou cortadas de qualquer maneira, os monumentos são pichados e o lixo entope os bueiros nos dias de chuva. O esvaziamento das ruas e praças contribui para esses feitos, uma vez que não haverá olhares repreendendo tais transgressões.

Outro fato notório é a proliferação dos condomínios residenciais quase auto-suficientes, cujo principal atrativo é a segurança, explorada nas estratégias de marketing das imobiliárias.

A falta de segurança mina o uso do espaço público. Diariamente se houve falar de alguém que foi assaltado ao andar a pé na rua ou até mesmo estando parado em frente a sua casa. Luís Fernando Veríssimo, mostra essa realidade de maneira cômica em uma de suas crônicas – Segurança – a qual descreve a proteção que é garantida em um condomínio fechado: muros altos, circuitos fechados de TV, visitantes identificados por crachás, fios de alta tensão. Porém, essas barreiras são constantemente rompidas pelos ladrões. E cada vez mais equipamentos e medidas de segurança são adicionadas. Até que os condôminos acabam se tornando os prisioneiros da situação.

Segundo Jane Jacobs, o fechamento da população atrás dos muros altos contribui para a ação de criminosos, uma vez que a rua passa a ser um espaço isolado. Se os muros fossem baixos, os habitantes funcionariam como os “olhos da rua” e talvez isso inibisse a abordagem de malfeitores. 

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Só um breve comentário: tem um rua perto lá de casa que é toda de muros baixos e casas tradicionais de conjunto. É um lugar lindo e te passa uma super segurança em andar a pé. Eu morro de medo da minha rua. Quando abro a porta só vejo paredes e carros. Para onde foram as pessoas? Qualquer dia eu paro pra perguntar se alguma daquelas casas de muros baixos já foi assaltada.