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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Gira e bica mais ainda

Quando eu era pequena, passava horas divagando sobre essas coisas sem resposta, criando histórias e me divertindo comigo mesma. Fui a criança já dos tempos de ruas perigosas, de ter que brincar ou em casa ou na casa do vizinho, mas nunca de queimada na rua. Por isso viajava em meus pensamentos num cantinho qualquer aqui em casa, essa mesma em que eu moro há uns 13 anos.

Passava horas pensando no infinito. Como era o infinito e como é que uma coisa pode não ter fim? O que era ele além daquela palavra que a gente usava pra ganhar as competições numéricas? "Sou grande 20 vezes", "sou 100 milhões", "sou grande infinitas vezes". E sempre aparecia um engraçadinho com o "sou grande infinito x 100" pra me confundir mais ainda. Hoje tenho algumas pistas: não é o oito deitado, nem o além do além do além. Dá pra ter um vislumbre do infinito se a gente fechar os olhos e foi a literatura que me ensinou.

Pensava também no nada. O nada é impossível! Como era o mundo antes de tudo? O nada. E como é o nada? Branco, transparente, preto? Se tiver cor, já é algo. E se for transparente, é inimaginável. Eu ficava me imaginando no nada e sempre me via caindo eternamente num vazio branco. Nada, vazio e infinito.

Tinha também meus medos e com eles vinham histórias bizarras criadas pela minha cabeça. Sempre tive pavor de ET. Juro, morro de medo até hoje. Do nada olhava pros meus pais fixamente, pensando se um alienígena os teria sequestrado e estava se disfarçando deles. Quando estavam todos dormindo e eu ainda fazia minhas coisas, ficava com medo de todas as minhas ações serem interpretadas pelos marcianos como um sinal para que eles viessem até mim. Fechava a janela, guardava o caderno, arrumava a mochila da escola e tremia só de pensar que talvez eles tivessem combinado com uma menina alien disfarçada de fazer justamente esses gestos na hora que quisesse voltar ao seu planeta e me confudissem com ela. MUITA imaginação.

Além de imaginativa eu era sensível demais. Aqui na entrada de casa tem uma graminha na qual meus pais sempre estacionavam o carro e pisavam. Eu achava aquilo um ultraje! Jamais pisava a grama por pura pena dela, sempre me dirigia ao portão da varanda pelo caminho de pedra. E depois ainda ia conversar com a graminha, dizendo que não se importasse, que eu jamais a pisaria. Ainda chorava a morte de formigas e soldadinhos. Se não chorava, ficava com muito dó.

Gostava de ficar no quintal ao fim da tarde esperando a primeira estrela no céu pra fazer um pedido. E sempre pedia a mesma coisa: quero ser a Power Ranger rosa. Assistia Caça Talentos e perdia meu tempo tentando me transportar de um lugar pra outro que nem a Fada Bela, até me cansar e desistir. Encostava a porta do quarto e dançava Daniela Mercury freneticamente me imaginando cantar prum grande público.

O infinito e o nada ainda me assustam. Os ET's mais ainda. Ainda danço freneticamente no quarto. Mas nunca mais fiz um pedido pra uma estrela ou tentei me teletransportar. E a grama deve sentir falta da minha companhia.

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